Anteriormente, as evidências mais antigas de vida microbiana em terra eram de depósitos de 2,7 - 2,9 bilhões de anos, na África do Sul, em solos antigos ricos em matéria orgânica. A descoberta tem grandes implicações para a busca pela vida em Marte, já que lá existem antigos depósitos de fontes quentes com idade semelhante aquela de Pilbara.
"Nossas descobertas animadoras não apenas retrocedem o registro da vida que vivia em locais quentes como também indicam que a vida habitava a Terra muito mais cedo - cerca de 580 milhões de anos antes do que se pensava", disse a autora principal do estudo, a PhD Tara Djokic.
Segundo a própria autora, o novo estudo pode implicar numa grande mudança sobre como teria ocorrido a origem da vida, pois ela poderia ter surgido em fontes de água doce, e não no oceano como amplamente divulgado.
Atualmente, os cientistas estão cogitando apenas duas hipóteses para a origem da vida. Ou ela teria começado em respiradouros hidrotermais de oceanos profundos, ou em pequenos lagos quentes - como diria Charles Darwin.
"A descoberta de potenciais assinaturas biológicas nestas antigas fontes termais na Austrália Ocidental oferece uma perspectiva geológica que pode dar peso a uma diferente origem da vida", disse a Dra. Tara.
O estudo da Dra. Tara Djokic e dos Professores Martin Van Kranendonk, Malcolm Walter / Colin Ward da Universidade UNSW, de Sydney, e a professora Kathleen Campbell da Universidade de Auckland, foi publicado na revista Nature Communications.
Dentro dos depósitos de água quente de Pilbara, os pesquisadores também descobriram estromatólitos - estruturas de rochas carbonáceas com formas de coluna ou de lâminas que foram esculpidas por antigas colônias de micro-organismos. Também haviam sinais de vida nesses depósitos, incluindo micro-estromatólitos fossilizados, texturas microbianas e bolhas bem preservadas feitas de substâncias pegajosas (microbiana).
Isto mostra que uma variedade diversa de vida existia na água doce, na terra, no início do nosso planeta", disse o professor Van Kranendonk, diretor do centro australiano de astrobiologia e chefe da equipe de ciências biológicas da Universidade UNSW. "Os depósitos de Pilbara têm a mesma idade da maior parte da crosta de Marte, o que torna os depósitos de fontes quentes no Planeta Vermelho um alvo emocionante para a nossa busca de vida extraterrestre fossilizada".
Em setembro de 2016, o Professor Kranendonk fazia parte de uma equipe internacional responsável por encontrar o que seria possivelmente a evidência de vida mais antiga n o planeta Terra - fósseis de estromatólitos de 3,7 bilhões de anos na Groenlândia, em uma região rasa do mar. Ele também deu conselhos geológicos à NASA sobre onde pousar uma sonda para exploração de Marte em 2020.
"A região de Pilbara nos fornece um rico registro dos primeiros anos de vida na Terra e é uma região chave para o desenvolvimento de estratégias de exploração em Marte", comenta o professor Walter, diretor e fundador do Centro Australiano de Astrobiologia. "Com isso, tentaremos responder a um dos maiores enigmas da ciência e da filosofia - a vida surgiu mais de uma vez no Universo?"
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